terça-feira

MAFALDA RIBEIRO



A Mafalda é uma mulher que irradia energia, cujo sorriso é contagiante. E contagioso! Porque é impossível estar perto dela e não ter vontade de compartilhar daquele sorriso.

A Mafalda vai onde muitos não se atrevem e corta metas de maratonas quotidianas, mesmo sem pôr os pés no chão.

A Mafalda é jornalista, escritora, cronista. Mas a estas definições teríamos de juntar muitos e variados adjectivos para compor uma aproximação de um retrato possível desta mulher que marca a diferença na vida. Através do seu exemplo, que para ela é “apenas” o comum. E, sobretudo, através da sua Fé, que a faz acreditar que “é possível com pouco abanar as consciências mais adormecidas”, frase de uma das suas crónicas.

Obrigada Mafalda!

- Quem é a Mafalda Ribeiro?

Mafalda Ribeiro - Isso, têm de ser os outros a dizer, não eu! Mas posso tentar... A Mafalda é alguém que ama profundamente a vida e viver, apesar de todas as limitações físicas que desde cedo podiam condicionar a sua alegria. A Mafalda é, acima de tudo, uma pessoa grata pela oportunidade que lhe foi concedida de cá permanecer mesmo apesar de a ciência ditar a sua sentença de morte logo à nascença. A Mafalda é ainda uma mulher que gosta muito de o ser e que, apesar de muito bem resolvida consigo e com o seu corpo "diferente", aceita estar constantemente a aprender sobre si e sobre os que a rodeiam. Fora isto a Mafalda é uma quase trintona normalíssima que gosta de ler, estar com os amigos, é apaixonada pela escrita e não passa sem música.

- Nasceste com uma doença que te torna diferente aos olhos das outras pessoas. Podes falar um bocadinho sobre isso?

MR - Tenho Osteogénese Imperfeita que é chamada a doença dos ossos de vidro. Até à adolescência fiz inúmeras fracturas dada a minha fragilidade. Tenho o tamanho e o peso de uma criança de oito anos. Desloco-me de cadeira de rodas ou ao colo, e nunca andei. Para mim isto tudo faz tão parte de mim quanto o ter olhos verde musgo, o cabelo castanho claro, o sorriso rasgado e brilhante e as mãos compridas. Sou eu. E sempre me conheci assim, ao mesmo tempo que aprendi a conviver comigo de uma forma natural e despreconceituosa. Sou diferente aos olhos dos outros, pois sou. E não somos todos diferentes, afinal? Aliás, até um bocadinho anormais dentro da nossa suposta normalidade? Tive a sorte de ter tido um suporte familiar fantástico e uns amigos que são o meu pilar existencial também em todas as fases da minha vida, nestas quase três décadas. Por isso, não tenho qualquer problema em falar daquilo que está à vista de toda a gente, é certo, mas que eu sei que não me reduz, pelo contrário, adiciona situações de superação quase diárias.

- Como superas as limitações que te vão surgindo no dia-a-dia?

MR - Com tranquilidade e mais uma vez muita gratidão. Lembro-me de, mesmo nas alturas de dor, física e emocional, ter tido muitos sentimentos mas poucas vezes revolta. Costumo dizer que as minhas limitações não determinam os meus limites e, graças a Deu,s não tenho mesmo do que me queixar!

- Tens uma crónica semanal no Sapo.pt cujo título é um agradecimento a Deus. Mas que para algumas pessoas pode parecer uma espécie de provocação: "Thank God I'm a wheels woman" (tradução - “Sou uma mulher em cadeira de rodas, graças a Deus!”. Porquê este título?

MR - Porque apesar de muitas pessoas olharem para mim e pensarem que eu sou um castigo de Deus ou alguém que está no esquecimento d’Ele, eu nunca achei nada disso. Não sou nenhuma coitadinha, sou uma bênção. Por isso graças a Deus por tudo, pelo facto de ser mulher mesmo com rodas. Ao longo da minha vida fui-me apercebendo de qual é a minha missão aqui e estou a tentar cumpri-la o melhor que sei. Passar essa mensagem faz parte dela. Acredito de uma forma absoluta que ter vindo ao mundo neste corpo foi a forma que Deus encontrou para que, se calhar, muitos compreendessem a verdadeira imensidão do Amor e da Graça d'Ele para com todos nós. Sou por isso uma privilegiada!

- Há pouco tempo foste a Israel. O que significou esta viagem para ti?

MR - Várias viagens dentro de uma só. Foi um sonho realizado e ao mesmo tempo um cimentar de muitas coisas. Não fui à procura de nada, nem de um milagre. Costumo dizer que é porque o encontro já tinha acontecido e porque a minha vida é um milagre diário que eu quis ir a Israel ver, sentir e experimentar "andar" com as minhas rodas onde Jesus andou com os seus pés. É um encontro, sim, com a história da humanidade. Uma aprendizagem cultural, política e extremamente rica, socialmente.
Mas acima de tudo foi um dar imagens e paisagens às palavras que fazem parte do meu livro dos livros: a Bíblia. Por ir acompanhada com os meus "pais do coração", o Jaume Pradas e a Paula Teixeira, esta tornou-se uma experiência muito mais gratificante tanto emocional como espiritualmente. Foi também mais um passo de fé.

- E o que é o "mais" na tua vida?

MR - O meu relacionamento diário com Deus, sem dúvida!


fonte:Outro olhar

Nenhum comentário:

Postar um comentário



Obrigado pelo comentário!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Deixe uma mensagem!

Nome

E-mail *

Mensagem *