domingo

Menina dos Ossos de vidro sonha com novo lar após ter casa alagada

Por causa da enchente, Francisca precisou ir para casa de uma amiga da mãe (Foto: Aline Nascimento/G1) 
Garota quebrou perna enquanto falava ao celular.

Por causa da enchente, Francisca precisou ir para casa de uma amiga da mãe.
Francisca Tavares, a 'menina dos ossos de vidro' como é conhecida, é uma das 10,4 mil pessoas atingidas pela enchente do Rio Acre, em Rio Branco. A família de Francisca, de 11 anos, portadora de osteogenesis imperfeita, doença genética rara dos ossos de vidro, saiu de casa no dia 5 deste mês do bairro Airton Sena, para o abrigo montado no Ginásio do Sesi. A família espera ser contemplada com uma casa na Cidade do Povo.
Por causa da doença, Francisca precisou ser transferida do abrigo para a casa de uma amiga da mãe, localizada no conjunto Tucumã, pois não tinha qualquer condição de ficar no pequeno boxe montado no Sesi, sobretudo, após ter fraturado o fêmur da perna esquerda. Para se locomover, ela agora usa uma uma cadeira de rodas.
"Fui para o abrigo com minha família, mas na primeira noite eu quase quebrei minha coluna. Dormi mal e minha mãe pediu para eu vir para cá. Eu quero voltar logo para casa, sinto falta da minha mãe", conta.
Antes da casa ser invadida pelas águas, a menina fraturou o fêmur enquanto falava no celular. "Eu estava sentada falando ao telefone e fui tentar levantar. O osso da minha perna estalou e já começou a doer. É assim quase toda vez quando um osso quebra, é do nada", diz.
Longe da família, ela diz que sente falta da escola e dos irmãos. "Minha mãe falou que meu irmão mais velho já voltou para casa, limpou e tirou todo lixo. Espero que logo possa voltar para casa ou para uma nova casa, caso a gente ganhe uma casa do governo", diz.
 A mãe de Francisca, Marluce Lopes, relata que a água nunca tinha chegado até sua residência e  pela primeira vez precisou sair de casa com os poucos móveis que tem, e os filhos para o abrigo. Marluce mora com os seis filhos, de 18, 17, 11, 9, 4 e 3 anos, a nora e uma neta dentro da residência.
"Eu perdi quase tudo. Estava fora de casa e quando cheguei os bombeiros estavam retirando os meninos e minhas coisas. Me cadastrei para ganhar uma casa do governo, mas até agora nada. Eu preciso sair logo daqui porque minha filha não pode vir para cá", conta.                                             Viúva e sem trabalho, Marluce diz que não sabe o que vai fazer quando retornar para casa. Ela explica que espera ser contemplada com uma casa na Cidade do Povo. "Na minha casa não tem água encanada, o esgoto é a céu aberto e não tenho como passar com a cadeira de rodas da Francisca. A casa é velha, meus filhos precisam de lugar melhor para morar", lamenta.
Visita presidencial
O boxe onde a família da pequena Francisca está alojada é um dos primeiros do Ginásio do Sesi. Durante a visita da presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (11) ao abrigo, o boxe de Marluce foi um dos alojamentos visitados. Ela conta que ligou para Francisca no período da manhã para contar que presidente visitaria o lugar.
"A Francisca quis vir assim que soube da visita da presidente. Foi muito bom conhecê-la, ela disse para mim que tudo ia dar certo e espero que dê mesmo", relembra.
Francisca foi umas das crianças que conseguiu tirar foto ao lado da presidente. Ainda sem acreditar no momento, Francisca revela que ficou muito feliz por conhecer a presidente do Brasil. "Ela me abraçou, me deu um beijo e beijou minha mãe. Foi um momento de esperança para minha mãe, porque ela quer ganhar uma casa, quer sair do lugar onde moramos", diz.
Calamidade pública
Maior desastre natural da história, a cheia do Rio Acre devastou cidades acreanas e desabrigou milhares de famílias. Apenas em Rio Branco, a enchente alcançou 53 bairros, tirou de casa 10,4 mil pessoas e afetou diretamente mais de 87 mil habitantes. A cheia atingiu os municípios de Assis Brasil, Epitaciolândia, Brasileia, Xapuri e Porto Acre.
O Rio Acre ultrapassou a cota de transbordo, que é de 14 metros, no dia 22 de fevereiro, em Rio Branco. Em 24 de fevereiro, a prefeitura da capital decretou situação de emergência, quando o rio chegou a 15,53 metros. No dia 1° de março, o município decretou estado de calamidade pública.
No dia 4, a Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) reconheceu o estado de calamidade pública por rito sumário para as cidades de Rio Branco e Brasileia.

 Fonte: Globo.com



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