sábado

Por falta de equipamento, professora é impedida de embarcar em avião

Antropóloga tem 'ossos de vidro' e precisa de passagem elevatória.
Ela está 'presa' em MG enquanto aguarda situação ser resolvida. 

Adriana Dias em aeroporto de MG (Foto: Letícia Duarte/G1)

Adriana Dias, uma das diretoras do Instituto Baresi - fórum nacional que apoia pessoas com doenças raras visando à inclusão social, foi impedida de entrar no voo 4353 da Azul Linhas Aéreas – Juiz de Fora/Campinas, no início da noite desta sexta-feira (30). 
Ela perdeu o voo e permanece no Aeroporto Regional Presidente Itamar Franco, localizado em Goianá, onde aguarda um membro da Secretaria de Direitos Humanos de Minas Gerais.

A mulher de 44 anos tem osteogênese imperfeita, também conhecida pelas expressões “ossos de vidro” ou “ossos de cristal”. Antropóloga pela Universidade de Campinas (Unicamp), ela contou que foi barrada na volta para casa, depois de ter participado de um congresso em Caxambu.
Sobre a situação, a Azul Linhas Aéreas informou ao G1 por meio de nota que prestou todo o auxílio possível para que a passageira embarcasse no voo, mas que a cliente exigiu que isso fosse feito por uma plataforma elevatória – o ambulift, porém, o aeroporto não possui. O G1 também entrou em contato com a Socicam, empresa responsável pela administração do terminal, que ainda não enviou posicionamento sobre o assunto.
Barrada
Após fazer o check-in no aeroporto da Zona da Mata, na tarde desta sexta, a professora contou que solicitou o ambulifit, que é destinado a transportar aquelas pessoas que têm dificuldades de locomoção, da sala de embarque até a aeronave, assim evitaria a subida de escada. Contudo, ela disse que foi informada de que não havia o equipamento no aeroporto. A alternativa, segundo Adriana Dias, seria ser levantada e carregada em uma cadeira até o avião, o que de acordo com ela representaria risco.
“Não existe isso. Expliquei que se me carregassem e a cadeira virasse eu poderia me quebrar inteira. Tenho a osteogênese e minha mobilidade é comprometida, mas não ofereço riscos a outras pessoas. Após saberem da minha doença, a empresa impediu meu embarque, alegando que eu deveria apresentar um laudo médico atestando que a minha patologia não é contagiosa”, explicou.
Além do laudo, a empresa disse que a usuária deveria ter avisado a companhia com  48 horas de antecedência sobre o voo.
O sentimento, segundo a antropóloga, é de indignação e frustração. “Sou militante da causa da deficiência. Há mais de 20 anos participo da criação de políticas públicas para pessoas com síndromes e doenças raras, e agora eu me vejo em uma situação surreal. Viajo o país com frequência e nunca me solicitaram esse laudo e nunca fui impedida de voltar para casa. Estou desamparada, me sentindo excluída por ser deficiente. Refém em um aeroporto. A única coisa que quero é voltar para casa”, desabafou.
Ainda conforme a Azul, a passageira não apresentou o Formulário Medif (Medical Information Form), que é exigido em condições adversas de saúde, e não informou à empresa sua necessidade 72 horas antes do voo, conforme a resolução nº 280 da ANAC. A Azul também informou que vai prestar toda a assistência necessária à cliente para que o embarque possa ser realizado em outra data ou até reembolsando o valor integral da passagem.

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